Meu caso de amor com Basílio

Quando estava na 6ª série do Ensino Fundamental, ali pelos meus 12 anos, fui obrigada pela minha professora, terror de todo o colégio, a ler o livro "O Primo Basílio", clássico da literatura portuguesa escrito por Eça de Queiroz em 1878 - quem nunca leu, procure a biblioteca mais perto de sua casa e pegue-o emprestado. A princípio, achei a tarefa bem chata, quase um sacrifício de final de ano, pois não era grande apreciadora de livros com mais de duzentas páginas (rs)... Mas com o passar de cada parágrafo, fui me apegando a história, torcendo pelos personagens e entrando fundo na narrativa que, vocês hão de convir, dispensa adjetivos declamatórios. O livro é infinitamente enriquecedor e leitura obrigatória, afinal, clássico é clássico, não?!

Levei quatro dias para devorar todas as linhas, parágrafos e páginas daquela história magnífica. Naquela época, aquele havia se tornado o melhor livro que já havia lido. O orgulho de ter vencido mais de duzentas páginas e gostado da experiência chegava a ser soberbo... Depois disso, pude redigir a redação que a professora havia exigido. Tirei nota máxima. Aquele momento eu me senti ganhando uma medalha de ouro nas Olimpíadas – sem exageros (rs).

Por influência minha e de tanto elogiar o livro, três amigos também se renderam à leitura. Todos gostaram e agradeceram pela dica.

Mas este post não foi feito apenas para falar sobre a versão impressa da história de Luísa, Basílio e Jorge. Escrevo essas linhas rapidamente (o tempo voa e eu preciso sair pro trabalho) para indicar um DVD bem bacana para dias de chuva, de sol, de frio, de calor... Trata-se da adaptação feita por Euclydes Marinho do livro que protagoniza esse texto, para o cinema. Evidente que o filme é nacional, mas nem por isso deixa a desejar em qualidade de roteiro e direção. 

 A história contada por Eça de Queiroz no clássico da literatura O Primo Basílio é transferida de Lisboa para São Paulo, em 1958. É quando a jovem Luísa (Débora Falabella) está casada com o engenheiro Jorge (Reynaldo Gianecchini), ausente do lar por estar envolvido na construção de Brasília. O reencontro de Luísa e seu primo Basílio (Fábio Assunção) coloca o casamento da jovem sonhadora em risco, já que ela se envolve num caso extraconjugal. Juliana (Glória Pires), sua invejosa governanta, descobre o romance proibido e faz de tudo para infernizar a vida de Luísa, ameaçando revelar seu segredo e cobrando alto para se manter em silêncio.

Começa então o grande pesadelo de Luísa. Ela sabe que Juliana pode arruinar a sua vida, desfazendo seu casamento e manchando seu nome perante a sociedade. Se hoje em dia o adultério não é visto com bons olhos, imagina naquela época...

Como não quero estragar a diversão de quem pretende alugar o filme na locadora (ou até comprar o DVD), me reservo a contar a história apenas até aqui. Depois disso é que o clímax acontece...

O filme, apesar de algumas cenas bem picantes entre Débora Falabella e Fábio Assunção, é bem feito. E como não poderia deixar de ser, Glória Pires é quem rouba a cena, arrancando o ódio do espectador. Ela está cruel tal qual a personagem no livro – se duvidar, até mais.

Divirtam-se!